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02/10/2023 às 11h44min - Atualizada em 03/10/2023 às 07h45min

Tradição, patrimônio cultural e símbolo de economia: a pesca da tainha em Santa Catarina

Louise Müller

Tradição que movimenta a economia em Santa Catarina, a pesca artesanal garante sustento a famílias que vivem em torno da prática, além de beneficiar o turismo local, a gastronomia, exportação e pesquisas relacionadas. A modalidade conta com grandes números de adeptos além de beneficiar cidades costeiras.  

 

A pesca artesanal é aquela praticada por pescador profissional, de forma autônoma ou em regime de economia familiar, com meios de produção próprios ou mediante contrato de parceria, desembarcado ou podendo utilizar embarcações com Arqueação Bruta (AB)1 menor ou igual a 20. A AB é uma medida calculada com base no volume dos espaços fechados da embarcação. 

 

Santa Catarina, conforme o Ministério da Pesca e Aquicultura (2022)é o maior produtor de pescado do Brasil, com um volume de produção de 132.620 toneladas. Deste total, a pesca artesanal contribui com 44 % (58.500 toneladas), sendo as quatro principais espécies: a Corvina, e Tainha, o camarão sete-barbas e a Anchova. A participação financeira da pesca artesanal em valores de primeira venda é de aproximadamente R$412 milhões. 

Com uma frota de quase 8 mil embarcações cadastradas,  32% da frota pesqueira nacional, Santa Catarina tem uma força de trabalho de 19,4 mil pescadores artesanais profissionais.

 

Segundo o secretário de Aquicultura e Pesca de Santa Catarina, Tiago Bolan Frigo, a pesca da Tainha é feita de maneira sustentável há muitos anos no estado. O volume de pesca depende também das condições climáticas de cada ano.

 

 “Em 2022 foram pescadas 8.300 toneladas. Em 2023, embora os dados não tenham sido finalizados, as colônias de pesca de Santa Catarina informaram abundância do pescado na safra. Atualmente existe um grande regramento no exercício da atividade da pesca da Tainha: limitação de do volume de pesca através da implantação do regime de cotas por tipo de pescaria; restrições para o tamanho e uso das redes de pesca; e no uso ou não de motores nas embarcações, buscam a sustentabilidade da espécie e a manutenção da atividade da pesca e suas famílias”, explica Frigo.

 

Acima da economia, a pesca é parte essencial para a vida de pescadores e suas famílias 

 

Sobrevivência, tradição familiar e união. Além de ser fonte de renda, a pesca artesanal une gerações e transmite de pai para filho a união que o mar concede, muito mais que um trabalho, mas um amor. A passagem de geração a geração ocorreu na família do presidente da Colônia Z-33, Rogério Feliciano Cardoso, o Abacate, hoje pescador artesanal, profissão que teve como professor, seu pai.

 

 “A pesca artesanal na vida do pescador é tudo, Sem a pesca, o pescador não sobrevive, ele continua sendo pescador mesmo se não houver pesca, sem efetuar o pescado. 

Eu vivo da pesca, eu já vim de pai para filho, sempre na pesca, sempre tradicionalista na pesca. Se não for a pesca, não vem a comida na nossa mesa. Somos pescadores de natureza, desde pai para filho”, conta Abacate.

 

Muito além da tradição, a importância da tainha como patrimônio cultural 

 

A cadeia produtiva da pesca tainha mostra que essa é uma atividade que vai além de uma tradição e de um patrimônio cultural. O setor da pesca vem buscando adotar tecnologias emergentes a fim de melhorar os processos e tornar a pesca mais sustentável e eficiente tanto na captura como no processamento de pescado:

 

Rede de pesca seletiva: permite que peixes menores ou espécies não alvo sejam liberados, reduzindo o impacto da pesca na biodiversidade e aumentando a eficiência. 

Robótica submarina: utilizam robôs, sonares e GPS para localizar cardumes de peixes, possibilitando que os pescadores ajustem suas redes e equipamentos para capturá-los.

Máquina de descamação e filetagem: automatiza o processo de descamação e filetagem de peixes, aumentando a eficiência da produção e reduzindo o tempo de trabalho manual.

Sistema de classificação automática: utiliza sensores e software para analisar o tamanho, cor e textura do pescado, classificando-os de forma rápida e precisa. 

 

Equipamento de processamento de subprodutos: permite o aproveitamento de partes do pescado que antes eram descartadas, como cabeça, espinhas e vísceras, para a produção de farinhas, óleos de peixe, entre outros. 

Sistema de rastreamento da cadeia de suprimento: utiliza a tecnologia de blockchain para rastrear o caminho dos produtos da pesca desde a origem até o consumidor final, garantindo a rastreabilidade e a transparência.

 

Os drones podem ser usados para: o monitoramento de cardumes tanto para entender a biologia das espécies, como dar mais precisão nas capturas; monitoramento ambiental: controla as condições ambientais, como temperatura da água e salinidade, e identificar áreas propícias para a pesca; na inspeção de redes de pesca identificando rasgos e outros danos que possam afetar a captura de peixes; e na identificação de espécies capturadas, para fins de monitoramento e gestão da pesca.

 

Além da melhoria dos processos tanto da atividade da pesca como no processamento, a tecnologia também está voltada para a produção de espécies de peixes marinhos em cativeiro. Estudos em andamento sobre a tainha, sardinha e robalo pelo Laboratório de Piscicultura Marinha da UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis, já dominam a reprodução, incubação, larvicultura e produção de formas jovens destas espécies em cativeiro.


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